Marcos Bezerra/FuturaPress/AETerminou em confusão a apuração das escolas de samba do grupo especial de São Paulo. Integrantes das agremiações que se sentiram prejudicados com notas baixas dadas pelos jurados invadiram a área restrita onde era feita a apuração, no Parque Anhembi. Entre eles, havia integrantes das escolas Rosas de Ouro, Vai Vai, Gaviões da Fiel e Império da Casa Verde. Dois deles foram detidos e encaminhados ao 13.º Distrito Policial: Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, da Império, e Cauê Santos Ferreira, 20 anos, da Gaviões da Fiel. Integrantes das escolas de samba que iniciaram a confusão reclamavam da troca de dois jurados feita na quinta-feira passada. No total, foram cinco pessoas detidas por tumulto, invasão e porte de entorpecentes, segundo o major Alexandre Gasparian, comandante do Batalhão de Choque da PM. Ele disse que 152 policiais do Batalhão de Choque estavam fazendo a segurança no Sambódromo do Anhembi.
- Houve um tumulto na área reservada à diretoria das escolas de samba bem em frente ao palco da apuração. Quando os policiais foram resolver esse tumulto, os dois integrantes das escolas aproveitaram para pular a grade e invadiram a área onde as notas estavam sendo lidas. Não houve falhas de segurança, mas há pontos vulneráveis aqui no Sambódromo. _ disse o major.
Os envelopes com as notas foram rasgados e jogados para cima por Tiago, que invadiu a área da apuração, saltou sobre a mesa dos locutores e pegou ops envelopes.
Segundo Alexandre Gasparian, um dos invasores, Tiago Faria, contou que havia um acordo de cavalheiros entre os presidentes das escolas de samba para que nenhuma escola fosse rebaixada do grupo especial porque dois jurados tiveram que ser trocados na última quinta-feira. Isso seria anunciado no fim da apuração. Mas no decorrer da votação, teria ficado claro para alguns dirigentes que o acordo não seria cumprido e ele teria, então, decidido invadir a área de apuração.
Até 19h, os dirigentes das escolas de samba não haviam decidido como fivaria a votação. Na hora do tumulto, a Império da Casa Verde estava em 11.º lugar e a Mocidade Alegre liderava a disputa (poderia ser campeã com mais um 10). Faltavam apenas duas leituras de notas, no quesito Comissão de Frente. Além disso, torcedores que acompanhavam a apuração invadiram a local, jogaram cadeiras para o alto, derrubaram proteções de ferro e chutaram as taças. A polícia interveio, mas houve tumulto.
A confusão acabou se estendendo para fora do Anhembi, em plena Marginal Tietê, uma das mais movimentadas de São Paulo. Membros da torcida da Gaviões da Fiel, que ocupavam o anel superior da arquibancadas e estavam em maior número, saíram do Sambódromo. Na Marginal eles depredaram grades e incendiaram um carro alegórico da Pérola Negra, que estava na área do estacionamento.
A pista local da Marginal Tietê já estava interditada pela Companhia de Engenharia de Tráfego na altura do Anhembi para a apuração. E os policiais fizeram um cordão de isolamento para evitar mais confusão. Os torcedores foram escoltados até seus barracões. No caminho, ainda arrumaram confusão com motoristas que passavam na rua.
- A gente prega tanto contra a violência e acontece isso... Isso denigre a imagem do carnaval e de São Paulo. Me sinto envergonhada - lamentou a presidente da Mocidade Alegre, Solange Bichara.
FONTE: O GLOBO
