Uma em cada 11 cidades do país tem em outro estado um município com o nome idêntico ao seu. São 505 das 5.570. É o que mostra um levantamento feito pelo G1 com base nos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A cidade com mais homônimas é Bom Jesus . Cinco estados possuem um município com esse nome: três no Nordeste (PB, PI e RN) e dois no Sul (RS e SC). O número só não é maior porque não entram na conta as outras 15 Bom Jesus com algum sufixo no nome, como "da Lapa" e "da Penha".
São Francisco e Santa Inês estão entre as cidades com quatro nomes iguais espalhadas pelo país. São 32 ao todo. Já Belém faz parte do grupo das com três exemplares (60 no total). Outros 408 municípios são “gêmeos”.
Não há cidades homônimas em um mesmo estado e, desde 1984, uma lei determina a consulta ao IBGE na criação ou na alteração para que um nome já existente em todo o Brasil não seja adotado.
Para a professora Patrícia Carvalhinhos, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, uma das explicações para o alto número de cidades com nome igual é o modo de povoação.
“Na época do Marques de Pombal, por exemplo, havia uma política instituída de transformar nomes de aldeias indígenas em nomes de cidades portuguesas. Muitas dessas homônimas foram criadas assim, especialmente no Nordeste.” Ela ressalva, no entanto, que é preciso analisar caso a caso para se chegar à origem dos nomes.
O fenômeno não está restrito ao Brasil. Nos EUA, por exemplo, pelo menos 35 estados contam com um município com o nome Springfield (cidade-tema do seriado “Os Simpsons”).
Segundo Patrícia, que ministra a disciplina “Toponímia geral e do Brasil”, como não há uma proximidade territorial, é difícil que surjam problemas devido à semelhança, o que costuma ocorrer com ruas, por exemplo.
“A própria população desenvolve na oralidade artifícios para fazer a diferenciação. Quando se fala em Rio, por exemplo, todo mundo sabe que é Rio de Janeiro e não outra cidade precedida por Rio”, diz.
Sobre a campeã Bom Jesus e as vice-líderes São Francisco, Santa Inês, entre outras, a professora da USP diz que muitas cidades surgiram em locais focos de devoção.
“Além disso, houve no Brasil uma tentativa de enfraquecer nomes indígenas, colocando um vocábulo católico, como uma catequização”, afirma Patrícia.
De acordo com o levantamento do G1, 543 cidades (ou 10% do total) têm um nome com os prefixos ‘santa’, ‘santo’ ou ‘são’.
Presidentes da República também são alvo de inspiração. Há uma Presidente Juscelino no MA e uma em MG, uma Presidente Dutra na BA e uma no MA, uma Presidente Bernardes em MG e uma em SP e uma Presidente Médici no MA e uma em RO. Espírito Santo e Tocantins também possuem uma Presidente Kennedy.